Narguilê
Por: Diná Oliveira
Drogas, legais como cigarro, álcool, remédios controlados e até alguns que são livres mas viciam, tomaram conta do Brasil. As drogas ilegais nem precisamos falar. Vivemos “tropeçando” em pessoas escravizadas pelas mais variadas. O mercado tem tudo, para todos os gostos.
O narguilé, ou “cachimbo de água”, chegou ao Brasil no final do século XIX, com a chegada dos imigrantes Árabes, que popularizou a substância. Os Árabes usam o narguilé em festas e em reuniões particulares, principalmente em encontros românticos. Surgiu na India, mas foi na China que começou a ser usado em grande escala. São Paulo foi o percursor da droga entre os jovens. Uma pesquisa em 2013 mostrou que em cinco anos, o numero de usuário aumentou em 134%. Essa pesquisa, sobre tabagismo mostrou que, 97% dos usuários do narguilé estão na Região Sul, Sudeste e Centro Oeste. Homens e mulheres entre 18 e 30 anos foram os responsáveisl pelo crescimento. As lojas especializadas começaram a surgir e seus proprietários enriqueceram. Daí, para se espalhar por vários estados e municípios do país foi fácil, influenciados pelo modismo e por amigos os jovens brasileiros começaram uma nova onda.
No Distrito Federal, por incrível que pareça, teve seu ápice na pandemia. Os jovens, sem poder sair de casa, começaram a formar “rodinhas” de usuários do narguilé. Por onde se passava, jovens sentados nas calçadas, compartilhavam o tubo, que segundo alguns, acalmava e supria as saídas noturnas. Nenhum deles pensou no perigo da transmissão do COVID19. Assim que a pandemia foi controlada, começaram a surgir as lojinhas especializadas. Então os usuários da substância deixaram as “rodinhas” de amigos e passaram a usar nas calçadas das lojas. Algumas inovaram e colocaram até mesas para seus usuários, como se fossem restaurantes.
Em 2009, foi criada uma lei que proibia a venda de narguilé para menores de 18 anos e as lojas começaram a exigir RG dos compradores. Isso as que desejavam ser legais, pois algumas não deram a menor importância a isso e era normal ver crianças de 15 anos, sentadas usando a fumaça.
Em 2014 as autoridades começaram a ficar mais exigentes, pois começou a surgir os casos de doenças pulmonares ligados ao cachimbo.
O pneumologista Gustavo Prado, do Instituto do Cancer do estado de São Paulo diz que a lei é necessária porque a droga atrai mais crianças e adolescentes. “A gente sabe que 80% dos fumantes começou antes de 18 anos. Desses mais da metade antes dos 15 anos. Então, temos que entender o tabagismo como uma doença da faixa etária pediátrica, do jovem, do adolescente e da criança. Alem disso o narguilé é mais prejudicial do que o cigarro. Isso acontece porque o usuário, além de ingeris mais fumaça, ela é mais tóxica. Além das partículas da essência, há também os resíduos da queima do carvão, que ao contrário do imaginário popular não são filtrados pela água contida no recipiente. Tudo que sabemos de prejuízo à saúde causados pelo cigarro, que é a forma mais comum de consumo de tabaco. A gente deve esperar também do narguilé. A única diferença é que temos menos estudo sobre essa devastação, por ser um hábito relativamente novo na sociedade”, explicou o médico.
Segundo pesquisas mais recentes, o narguilé estimula o câncer dos pulmões e equivale ao consumo de mais de cem cigarros.
No Brasil, a Lei 9.294/96 proíbe o uso de qualquer produto fumígeno, o que inclui o narguilé, em local fechado. Público ou privado.
Como o narguilé funciona:
De origem oriental, o narguilé, também chamado de cachimbo de água, funciona a partir do aquecimento do ar pelo carvão, passando pelo fumo e sendo resfriado no líquido presente no fundo, antes de ser aspirado. O fumo ou o tabaco, como também é conhecido, é usado com sabor ou aromatizado
Reportagens:
Jovem que teve 80% do corpo queimado enquanto fumava narguilé morre após 20 dias internada
Foto: Divulgação facebook
Caso ocorreu na madrugada de 25 de dezembro, em Andradina (SP), mas ela morreu na noite de domingo (14), no Hospital São Lucas de Ribeirão Preto (SP).
Por g1 Rio Preto e Araçatuba
Jovem perde parte do pulmão por usar vape e narguile –
Crédito: Campo Grande News
Hospitalizado há dois meses, ele criou uma vaquinha online para custear medicamentos e despesas familiares
Paulo Henrique Sampaio, 22 anos, teve parte do pulmão removida após sofrer danos devido ao uso de cigarro eletrônico e narguilé. Internado no Hospital Regional há dois meses, o jovem aguarda resultados de exames que determinarão se ele precisará de outra cirurgia ou se poderá ter alta médica.
Jovem com dreno para retirar o líquido do pulmão (Foto: Arquivo Pessoal) – Crédito: Campo Grande News